quarta-feira, 19 de maio de 2010

( astray heart )


Tem gente que encara o sonho como aquele ato simples de fechar os olhos, encostar no travesseiro a cabeça e dar vazão aos fragmentos do (in)consciente. Ledo engano, ilusão doce. O Sonhar existe, e se escreve com s maiúsculo. O Sonhar é a terra guardada de Morpheus, a chama inquietante de Prometeu. O Sonhar é o limiar entre o que se vive e o que se pode viver - e nessa teoria a psicanálise não entra. Sonhar acordado então passa a ser um vórtice entre o que se deseja e o que se pode ter nas mãos. Morpheus traz sempre a areia, e nós levamos uma canção. Não se preocupe com a estrada que espera, e os trilhos oxidados, e os balões que escapam dos dedos e buscam o vôo. É só um lembrete do Homem da Areia, uma traquinagem, uma pedra que dificulte um pouco a caminhada, e assim a justifique. É só uma vontade de polir a armadura, um carinho bom. É só uma lição de professor... Sonhe acordado, sim. Sonhe e bata o pó. Quando um corvo de nome Matthew surgir ele dirá: "Veja bem, meu caro... às vezes os dois mundos se tornam um só."