segunda-feira, 27 de abril de 2009

The beautiful people


The Beautiful People, The Beautiful People
It's all relative to the size of your steaple
You can't see the forest from the trees
And you can't smell your own shit on your knees

Susan Boyle, há três meses você era uma senhorinha européia, com um sonho no peito, um gato no colo e anonimato na voz. Hoje é mundialmente famosa. Hoje é Susan, A Feia. E não consigo entender a grande lição dessa história. Desculpe, Susan, se pareço ser um dos poucos a achar seu novo apelido ofensivo. Talvez você tenha gostado. Talvez tenha aceitado o discurso dos chorosos, o de que uma bela voz foi encontrada (surpresa, surpresa!) num corpo feio, e isso merece celebração! Talvez o problema seja comigo, em não conseguir detectar essa feiúra que te fez virar capa de revista. Ouvi dizer que querem você na capa da Playboy, Susan. E claro que isso não é realmente surpreendente. O que seria de um mundo histérico sem surtos e circo? O que seria dos que esperam - com seus sacos de pipoca e coca-cola light nas mãos - pela nova piada da vez? Transformaram sua conquista num picadeiro do sensacionalismo, mas não se engane: você não é a palhaça, eles são. Você não é como as Mulheres Fruta, não é como o Brad Pitt - por que deveria ser? Você é como Frida Kahlo, você é como Charles Bukowski. É como Serge Gainsbourg, ou Rossy de Palma. Você é como eu, e como as pessoas de carne e osso que eu conheço. E eu sei por que você não vai ser capa da Playboy: porque você sempre dispensou o Photoshop. E se tem algo que os punheteiros histéricos não aceitam nesse mundo de histeria é que alguém abrace a verdadeira beleza que tem. Isso soou muito radical ou muito piegas, Susan? Espero que sim. Porque se esse é um mundo histérico precisamos de mais gente na histeria da contramão.