The words that soon fall to dust "
Começou com a notícia: dois corpos encontrados em terreno baldio, em estado avançado de putrefação. Seus olhos percorriam as palavras na folha amassada de jornal, em sua mão direita a caneca oscilava com o café fumegante a exalar seu cheiro moído de grãos. Em sua mente ele se perguntava sobre texturas e transcedência; prendia-se em devaneios que muitos pensariam mórbidos. E no entanto, ele apenas queria saber se as enzimas microbianas daqueles corpos levariam com sua decomposição almas cálidas ou odiosas. Pensava em quem seriam os donos daquelas carcaças, e o que teriam feito (ou deixado de fazer) para jazerem ali, entre o mato selvagem do descuido. Lembrou-se das aulas de ciências na escola, quando lhe disseram sobre os pássaros que carregam sementes e as espalham em qualquer canto de terra pelo qual sobrevoam. Estariam eles observando a decomposição dos tecidos, e o peso do esvaziamento? Estariam intrigados pelo mistério de toda a cena? Sentia-se pássaro, assistindo do alto o filme que não era seu. Mas não depositava sementes na terra; apenas folheava seu jornal, e aprendia a lição anatômica, que mesmo tão longe, reverberava com estrondo no cheiro moído do seu café.