segunda-feira, 6 de setembro de 2010

faith


"I wanna be high, so high
I wanna be free to know
the things I do are right
I wanna be free, just me..."

E ela vem novamente - ela sempre vem, para os que a abraçam e para os que lutam em vão -, caminhando tranquilamente como se cada passo seu guardasse a leveza de um bater de asas. O amuleto reluz sobre as roupas da cor do azeviche, seus olhos foram moldados em vida que habita em cada coração que pulsa; ela transpira vida, e dos seus lábios pintados de negro escorre a contradição que reside em si mesma. Ela não demonstra, mas sou espectador e como qualquer idiota que lê uma história virando as páginas que não são suas percebo que ela está atrasada. "Eu não sei se esperava por você", ele diz, atordoado. Ela sorri, piscando os cílios - borboletas perfeitas desenhadas em carvão. "Esperava quem?", ela pergunta. "Não esperava ninguém...", ele responde encarando-a com firmeza. "Eu sempre venho, cedo ou tarde. Por que me chamou tão cedo?", pergunta com delicadeza. Ele não sabe o que dizer, apenas aceita o seu abraço.

Ao longe, entre lápides brancas e grama seca, escuto o suave bater de asas. Apago meu cigarro, derramo algumas lágrimas. Se eu tivesse uma garrafa de conhaque, meu caro, faria um brinde ao seu último gole, sem julgamento, sem complacência. Apenas aceitando, com uma certa dificuldade, admito, mais uma lição difícil: As suas escolhas pertencem apenas a você. Seja fiel ao que te conduz. E que assim seja...