
É hora de esquecer o relógio com seus ponteiros cruéis. É hora de deixar os pequenos assassinatos na página de obituário do jornal, tirar da estante os livros e devolver ali o coração. É hora de recomeçar, aventurar-se pelo mar das reticências e esquecer do ponto final. É hora de tirar os sonhos do baú e as roupas do varal. É hora de afogar-se na imprecisão dos momentos sem a preocupação da água salgada a encher os pulmões. É hora de desafiar a (auto)sabotagem e sorrir mais diante do que está irremediavelmente quebrado - Super Bonder é mais limitada do que se pensa. É tempo de fazer as pazes com os dias de perdedor, e aposentar a coroa dos dias de rei. É tempo de amar mais e descomplicar nas medidas do café. É tempo de entender que ninguém é responsável pelo caminho de quem caminha, senão o dono dos pés. É hora de brigar a luta dos sonhadores, uma luta solitária, em que os mundos todos habitam. É hora de não ter medo. Das horas.