sexta-feira, 27 de agosto de 2010

[ ...do felino de hoje ]


E lá estava ele de novo. Dessa vez em outro telhado, e eu não precisava procurar por sinais visíveis; tratava-se do mesmo gato. Um gato me disse uma vez que os felinos quase sempre descartam seus nomes, não precisam deles para saberem quem são. Confirmando essa ideia, ele se dirigiu em direção à tábua velha que saía do amontoado de telhas, uma tábua que aos meus olhos parecia um trampolim corroído por cupins. Pata após pata, ele seguiu com seu gingado esguio e preparou-se. Pularia? Esperei. Ele não pulou. Deu meia-volta, fundiu-se à escuridão. Não foi dessa vez, pensei aliviado. Escutei um miado, quase um simulacro de riso. Eu não o via, mas deve ter lido as palavras enquanto essas se formavam aqui dentro. Tenho muitas delas, não se preocupe. Foi o que escutei.